segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A inconstante





O passo mais importante sempre é caminhar. Seguir sozinho.
Por mais incrível que possa parecer, eu já não sei mais andar sem a sua ajuda.
É um exercício diário de auto-suficiência mas me parece que quanto mais tempo eu ficava com você, menos independente eu era.
Dizem que, o conceito de tempo é muito relativo. As pessoas demoram um certo tempo para assimilar as coisas. Realmente os dias passam de formas bem diferentes para todos nós.
A questão é: será que o tempo já passou pra você? Fico me perguntando se você já assimilou bem as coisas, assim como eu assimilei e deixei bem claro, minha dependência em você.
O mais difícil em viver, é saber que a vida seria mais feliz ao seu lado. Mas já que não posso ter esse dèjá vu de prazer, prefiro encarar a realidade e viver no meu pequeno e solitário mundo. 
Não é um lugar onde eu goste de estar, mas é onde me abrigo, quando não tenho mais seus braços para recorrer.
Quando sinto frio, me imagino neste mesmo mundo, rodeado por milhares de pessoas, fantasiando que todas elas me abraçam ao mesmo tempo e assim eu posso sentir o calor de cada uma.
No meu esconderijo, eu finjo que sou sociável, que sou legal. Mas na verdade eu queria mesmo correr. Correr de tudo e todos, ir para um lugar que já conheço, porém não tenho mais acesso.
Não me encaixo mais nessa sociedade, não tenho mais o mesmo brilho nos olhos de antes. Me sinto totalmente deslocado, incerto e errado.
Percebo que todos me olham diferente, de um jeito que me sinto bem e mal ao mesmo tempo. Na verdade é ruim viver num mundo onde as pessoas te julgam pelo o que você transmite ser, e não pela sua verdadeira essência.
Confesso que já estou cansado de todas as pessoas. São milhares e milhares de pensamentos, de certezas e julgamentos, quando na verdade o que eu mais preciso é um simples gesto, uma atitude.
É no mínimo frustrante gritar até a morte, onde você pode imaginar que te ouçam, mas que não dão importância.
Sabe, quando as luzes se vão, eu fico melhor. Posso abrir os olhos com mais clareza. 
Posso enxergar o que antes não conseguia. Consigo refletir.
Acho que tenho um relacionamento sério comigo mesmo, e isso é um fato. Ninguém me entende melhor.
Eu só queria conseguir transmitir o meu pensamento, da mesma forma que eu sinto. Mas ainda não consigo encontrar palavras para defini-lo. Acho que é algo parecido com saudade, mas é uma saudade que me faz mal.
Eu não tenho mais certeza de nada. Me tornei uma pessoa totalmente mutável, e eu já não sei se isso é bom ou ruim. Juro que consigo me adequar a qualquer situação, quando me é conveniente.
Mas meu interior continua intacto, o mesmo coração, que ainda espera pelo teu.
Os dias se passam... durmo e acordo com as mesmas ideias, com os mesmos objetivos.
Com o passar do tempo, espero dar menos importância para isso, mas o fato é que eu preciso de alguém do meu lado, a vida se torna tão sem graça, quando não temos ninguém pra dividir tudo.
Certas horas me sinto o grande culpado e certas horas me acho um inocente. Trato a todo instante um conflito interno, pra descobrir quem realmente eu sou.
Nessa tamanha incerteza, somente posso dizer que o tempo passa, e eu não estarei mais aqui por muito tempo. 
Isso me alivia. Então porque eu fico com medo?
Ainda não aprendi a viver totalmente sem você, por isso que conclui que desde então não tenho mais vivido.

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