sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Ainda aqui



Abrir os olhos. O exercício mais complicado de todos.
Quanto mais o tempo passa mais eu me sinto só e perdido.
É como gritar e simplesmente cansar.
Não grito. Nem me dou ao esforço.
Ninguém irá me ouvir mesmo.
Já estou bem conformado com a minha atual situação: esquecido.
Assim como você, eu também gostaria de ser lembrado.
Eu olho e vejo um mundo todo lá fora. Todos rindo, felizes.
Eu me pergunto se eles estão profundamente bem ou se é tudo fingimento.
Ou seria eu um ser que não mereço felicidade?
Prefiro acreditar que todo mundo finge. Finge a felicidade, finge o amor.
Pra mim é mais fácil fingir do que verdadeiramente ser.
Mais prático se viver uma mentira do que tentar mudar a verdade.
E todas aquelas pessoas que eu tenho ao meu redor? Todas me abandonam, mais cedo ou mais tarde.
Aprendi que as pessoas são minhas amigas por conveniência.
Num impulso egoísta, acabei me trancando por dentro.
Às vezes eu choro, devo admitir.
Não consegui ainda simplesmente não dar a mínima.
E quando eu choro, me sinto bem. Pelo menos nessas horas eu percebo que eu ainda estou vivo.
Mas eu continuo sorrindo, porque eu sei que estou me saindo maravilhosamente
 bem.
Sorrir chorando já se tornou algo tão banal pra mim que me julgo acostumado.
Chorar sorrindo é engraçado. Nunca pratiquei, mas sinto falta.
Dois extremos. Duas emoções. Um motivo. Uma realidade.
Mas eu ainda estou aqui.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Fixação



E tudo que eu sinto é mais forte do que eu jamais sonhei sentir. Algo extremo, quando não estou te amando, estou te odiando.
Algumas vezes em nossa vida precisamos fazer certas escolhas que podem ser decisivas para o resto de nossas vidas.
Ainda pago as consequências até hoje daquilo que fiz no passado.
Como te fazer feliz? Te fiz feliz? Acho que morrerei com essa dúvida e isso me corrói por dentro.
Como agradar uma pessoa que já tem tudo? Como fazer a diferença?
Tudo aquilo que pude fazer foi dar-lhe meu amor, meu carinho e meu eterno respeito.
Pode não ter sido o suficiente pra você, mas era tudo que eu podia oferecer.
Meus olhares foram os mais profundos, minhas palavras as mais sinceras.
Estava construindo uma vida ao seu lado, sem nem me dar conta disso.
Meu mundo se norteava exclusivamente a você. Meus olhos só conseguiam enxergar uma única pessoa, um único amor.
Minhas atitudes, por mais insensatas que tenham sido, eram apenas parte do meu processo de aceitação.
Aceitar o maravilhoso. 
Nunca tive nada. Nem ninguém. De uma hora para outra me vi completo e não sabia como lidar.
Pessoas entram e saem das nossas vidas muito rapidamente. Umas marcam, outras nem tanto.
Mas o que você significa pra mim é muito fácil de dizer: realidade.
Todos os sonhos que um dia eu tive, você os realizou.
Tudo que eu nem sabia que queria você acabou me dando.
Me apresentou um mundo totalmente novo, onde a mais simplória das coisas tinha um ar mágico.
Você me pegou de jeito. Totalmente.
Tanto que, até hoje eu ainda sou inteiramente seu.
Cada coisa que você fez, me marcou de um modo tão profundo que já faz parte da minha essência, e eu já não sei mais viver sem.
Você me ensinou a pensar, a agir, a curtir minha vida.
E eu sou eternamente grato por tudo.
Certas horas da noite, ouço a nossa música.
A música da nossa primeira vez. Consigo sentir o gosto do teu beijo ainda, o vento frio batendo no meu rosto e meus pés na areia.
Foi o começo de tudo. Eu era feliz. Só não sabia disso.
Sei que você pensa que você não me fazia feliz, que eu não confiava em você.
Eu confia sim. Me entreguei de tal modo que nunca fiz com mais ninguém.
E quando eu digo que ainda te amo, não é da boca pra fora. Basta que você veja o brilho nos meus olhos, quando eu digo o seu nome.
É tão forte, que dói.
Não estava preparado o suficiente pra administrar algo tão grande na época.
O tempo me fez bem, me fez entender tudo o que vivemos, tudo o que foi dito e feito.
Eu só fico decepcionado comigo mesmo, por não poder mais te mostrar que eu cresci. Que quem eu era antes, não existe mais.
Agora dou valor ao amor. Antes não dava.
E o motivo dessa fixação? Sou grato unicamente a você.


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A inconstante





O passo mais importante sempre é caminhar. Seguir sozinho.
Por mais incrível que possa parecer, eu já não sei mais andar sem a sua ajuda.
É um exercício diário de auto-suficiência mas me parece que quanto mais tempo eu ficava com você, menos independente eu era.
Dizem que, o conceito de tempo é muito relativo. As pessoas demoram um certo tempo para assimilar as coisas. Realmente os dias passam de formas bem diferentes para todos nós.
A questão é: será que o tempo já passou pra você? Fico me perguntando se você já assimilou bem as coisas, assim como eu assimilei e deixei bem claro, minha dependência em você.
O mais difícil em viver, é saber que a vida seria mais feliz ao seu lado. Mas já que não posso ter esse dèjá vu de prazer, prefiro encarar a realidade e viver no meu pequeno e solitário mundo. 
Não é um lugar onde eu goste de estar, mas é onde me abrigo, quando não tenho mais seus braços para recorrer.
Quando sinto frio, me imagino neste mesmo mundo, rodeado por milhares de pessoas, fantasiando que todas elas me abraçam ao mesmo tempo e assim eu posso sentir o calor de cada uma.
No meu esconderijo, eu finjo que sou sociável, que sou legal. Mas na verdade eu queria mesmo correr. Correr de tudo e todos, ir para um lugar que já conheço, porém não tenho mais acesso.
Não me encaixo mais nessa sociedade, não tenho mais o mesmo brilho nos olhos de antes. Me sinto totalmente deslocado, incerto e errado.
Percebo que todos me olham diferente, de um jeito que me sinto bem e mal ao mesmo tempo. Na verdade é ruim viver num mundo onde as pessoas te julgam pelo o que você transmite ser, e não pela sua verdadeira essência.
Confesso que já estou cansado de todas as pessoas. São milhares e milhares de pensamentos, de certezas e julgamentos, quando na verdade o que eu mais preciso é um simples gesto, uma atitude.
É no mínimo frustrante gritar até a morte, onde você pode imaginar que te ouçam, mas que não dão importância.
Sabe, quando as luzes se vão, eu fico melhor. Posso abrir os olhos com mais clareza. 
Posso enxergar o que antes não conseguia. Consigo refletir.
Acho que tenho um relacionamento sério comigo mesmo, e isso é um fato. Ninguém me entende melhor.
Eu só queria conseguir transmitir o meu pensamento, da mesma forma que eu sinto. Mas ainda não consigo encontrar palavras para defini-lo. Acho que é algo parecido com saudade, mas é uma saudade que me faz mal.
Eu não tenho mais certeza de nada. Me tornei uma pessoa totalmente mutável, e eu já não sei se isso é bom ou ruim. Juro que consigo me adequar a qualquer situação, quando me é conveniente.
Mas meu interior continua intacto, o mesmo coração, que ainda espera pelo teu.
Os dias se passam... durmo e acordo com as mesmas ideias, com os mesmos objetivos.
Com o passar do tempo, espero dar menos importância para isso, mas o fato é que eu preciso de alguém do meu lado, a vida se torna tão sem graça, quando não temos ninguém pra dividir tudo.
Certas horas me sinto o grande culpado e certas horas me acho um inocente. Trato a todo instante um conflito interno, pra descobrir quem realmente eu sou.
Nessa tamanha incerteza, somente posso dizer que o tempo passa, e eu não estarei mais aqui por muito tempo. 
Isso me alivia. Então porque eu fico com medo?
Ainda não aprendi a viver totalmente sem você, por isso que conclui que desde então não tenho mais vivido.